terça-feira, 3 de maio de 2011

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA PREGADORES - CAPÍTULO III

III -    A PREGAÇÃO

3.1     - Métodos de Pregação

a)        Sermão Escrito (antiquado)
A pregação se dá pela leitura de um sermão que foi previamente escrito. Este método é totalmente inadequado para nossos dias, em que se exige uma comunicação espontânea e direta.

b)       Esboço (apropriado)
A pregação se dá com o auxílio de um esboço, que contém as idéias principais do sermão e serve como guia para que o pregador não se perca. É o método ideal para quem está iniciando na arte de pregar.

c)        Livre (ideal)
Neste método o esboço é previamente memorizado pelo pregador. Portanto, seu sermão é pregado sem anotação alguma. Isto permite maior liberdade ao pregador e melhor comunicação com os ouvintes. O método de pregação livre não deve ser confundido com a pregação de improviso, para a qual não há nenhum preparo. Ao contrário, a pregação livre exige do pregador muito esforço e dedicação.

3.2   - Modo de se Pregar

a)        Pregue com Autoridade
“ E muito se maravilhavam da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.” (Lucas 4:32 RA)
“ Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes.” (1 Ts 2:13 RA)

b)       Pregue com Humildade
“ não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Coríntios 3:5 RA)
“ Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (2 Coríntios 4:7 RA)

c)        Pregue com Sinceridade
“ Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.” (2 Coríntios 2:17 RA)

d)       Pregue com Compaixão
“ Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós.” (Atos 20:31 RC)
 “ Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados.” (1 Coríntios 4:14 RA)

3.3   - Técnica na Pregação

a)        Voz
1.     Velocidade
Não deve ser muito rápida, nem muito lenta. No entanto, uma boa técnica é começar a pregação falando mais pausadamente e ir acelerando um pouco e gradativamente no decorrer do sermão, porém sem exageros.
2.     Intensidade
A mensagem não deve ser gritada. Barulho não é sinônimo de unção. Há momentos em que a intensidade aumenta, mas isto deve acontecer naturalmente. O equilíbrio é a regra neste ponto.
3.     Tom
Nem muito grave, nem muito agudo. Aconselha-se que, durante o discurso, haja uma variação no tom, de acordo com a emoção daquilo que se está enfatizando. Um pregador que se mantenha sempre no mesmo tom pode tornar sua mensagem cansativa aos ouvintes.
4.     Cuidados
Não beba água gelada enquanto está pregando, ou mesmo antes de pregar. Mas tenha sempre um copo de água na temperatura natural, para socorrê-lo caso a garganta fique seca.
5.     Ao microfone
O microfone não deve ser colado à boca. Este é um erro muito comum, que “embaralha” o som e causa desconforto na audição. Ao segurar o microfone, mantenha-o afastado da sua boca a uma distância mínima de quatro dedos. Caso venha gritar, afaste-o mais ainda. A maneira de segurá-lo também é importante e faz diferença. Segure o microfone pelo meio, que é o espaço destinado para esta finalidade. Acima deste ponto pode ocasionar microfonia, pois os dedos fecham a cabeça, por onde o som é captado. Já na extremidade inferior encontra-se o encaixe do fio, que pode danificar ou mesmo soltar-se durante a pregação, caso seja o microfone segurado por ali. Outro erro é segurar o microfone junto com o fio, obrigando este a fazer uma curva que pode quebrá-lo por dentro.

b)       Olhar
Durante quase toda a pregação, olhe diretamente para os ouvintes, mas não se fixe em nenhum deles. Faça com que seus olhos percorram naturalmente cada pessoa que lhe ouve. É errado pregar olhando acima das pessoas, pois transmite uma impressão de arrogância. Também é um erro não tirar os olhos do papel, ou ficar de cabeça baixa, pois isto aparenta insegurança e timidez.

c)        Postura
A postura deve ser natural, mas não ao extremo de se encurvar. Convém que não se coloque as mãos no bolso, ou para trás.

d)       Gestos
A gesticulação é necessária, mas deve ser equilibrada. Jamais use de gestos ofensivos ou ameaçadores. Se apontar o dedo, não o direcione para nenhum de seus ouvintes, pois você não está pregando apenas para uma pessoa.

e)       Emoção
A emoção é necessária, mas deve ser controlada. Se contar algo de engraçado, procure não dar gargalhadas, se for algo triste, não vá perder a fala, se esvaindo em lágrimas. Tenha domínio próprio.

f)         Interação
Muitos pregadores interagem com os ouvintes, pedindo que levantem as mãos, que digam “amém”, ou que repitam algumas frases. Uma vez mais, o equilíbrio é a regra. É normal que, vez por outra, o pregador enfatize algum ensinamento pedindo que os ouvintes repitam alguma citação, ou digam algo para a pessoa que está ao lado. Isto até serve como “quebra-gelo” em algumas circunstâncias, ou dá chance do pregador beber água. Mas é totalmente desaconselhável fazer isto por mais de três vezes durante a mensagem. Torna-se incômodo e constrangedor.

3.4   - Ministrando após a Pregação
Dá-se o nome de “ministração” ao período de meditação e oração que ocorre logo após a conclusão da mensagem.

a)        Importância
Reforça todo o conteúdo da mensagem, desde que a oração esteja dentro do tema do sermão. Obriga o ouvinte a examinar-se a si mesmo, com o auxílio do Espírito Santo. Faz uma transição entre a pregação e o apelo.

b)       Dicas
1.     Convide a todos para orar junto com você.
2.     Ore seguindo os pontos do sermão. Ore para que cada ponto da mensagem seja aplicado na vida dos ouvintes.
3.     Motive os ouvintes a tomar uma decisão, de acordo com o desafio proposto na mensagem.
4.     Se não for constrangedor, convide para vir diante do altar aqueles que foram “tocados” pela pregação.
5.     Ore por uma mudança de vida. Se o Espírito Santo lhe direcionar a isto, peça que repitam com você uma oração, ou declaração de vitória.

3.5   - Apelo
Atualmente, dá-se o nome de apelo ao convite para que alguém “aceite ou receba a Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador de sua vida.”

a)        Base bíblica
Ainda que muitos se surpreendam, não existe base bíblica para o tipo de apelo realizado nos dias atuais. Não há nenhuma passagem nas Escrituras na qual os pecadores sejam convidados a “receber a Jesus”. Esta é a verdade.

b)       O apelo bíblico
O único tipo de apelo que a bíblia enfatiza repetidas vezes é o apelo ao arrependimento de pecados. João Batista pregava desta forma, bem como Pedro, Paulo e o próprio Senhor Jesus. (Mt 3:2; 4:17; At 2:38; 17:30)

c)        O problema do apelo moderno
O tipo de apelo realizado hoje é anti-bíblico, pois aponta uma salvação fácil, isenta de arrependimento e renúncia. A salvação não é simplesmente levantar a mão para Jesus e repetir uma oração “confessando” a Jesus. Não basta dizer que Jesus é o Senhor para ser salvo (Mt 7:21). Ao invés de imitar os pregadores modernos, confie no Espírito Santo e faça o apelo para que as pessoas se arrependam. Não se preocupe em saber quantos aceitaram a Jesus. Você terá esta resposta no próximo culto e, mais precisamente, no próximo batismo.

3.6   - Ética

a)        Ética ao atender convites
Um bom pregador é sempre convidado para levar a palavra em diversos lugares. Mas alguns cuidados devem ser tomados.
1.     Localização exata
Certifique-se do endereço correto de onde você deve pregar. Se for possível, peça que alguém lhe busque de carro.
2.     Horário do início do culto
Nem todas as igrejas têm culto no mesmo horário. Portanto, pergunte o horário que inicia o culto e procure chegar antes do princípio do mesmo.
3.     Linha doutrinária da denominação
Um pregador não precisa entrar em controvérsias teológicas para se pregar a palavra de Deus. Portanto, conheça um pouco da linha doutrinária da igreja onde você irá pregar. E respeite as diferenças. Procure saber o seguinte: É calvinista, ou arminiana? É pentecostal, ou tradicional? É pré-milenista ou amilenista?
4.     Usos e costumes locais
É obrigatório uso de gravata? E paletó? As mulheres devem usar saia? E maquiagem, é permitido? Respeite a tradição local, vestindo-se adequadamente.
5.     Tempo disponível para pregar
Certifique-se de quanto tempo lhe é disponível. Mesmo que a resposta seja “fique a vontade”, insista em saber. Na dúvida, não se estenda muito. O correto é não se ultrapassar 40 minutos ao se atender um convite.
6.     Permissão para ministrar e fazer apelo
Saiba se você pode ministrar aos ouvintes e se deve fazer o apelo. Procure saber disto antecipadamente, e não durante a pregação.

b)       Ética na apresentação
Ao se atender um convite, não se deve iniciar a pregação sem tomar os seguintes cuidados:
1.     Mencionar sua igreja e pastor
A não ser que o pastor local já o tenha mencionado.
2.     Apresentar seu cônjuge
E, caso o cônjuge não esteja presente, mencione que, lamentavelmente, sua esposa, ou marido, não pode lhe acompanhar.
3.     Agradecer o convite
Jamais deixe de agradecer publicamente pela oportunidade que lhe é dada. Faça isto antes de pregar, pois nem sempre há chance após a mensagem.
4.     Seriedade
Não tente ganhar a simpatia dos ouvintes contando uma piada, ou fazendo comentários que, por mais engraçados que sejam, poderão constranger pessoas presentes.

c)        Ética durante a pregação
1.     Cite as fontes
Caso seja feita alguma citação, mencione o autor da frase. Caso não saiba, deixe claro que a frase não é sua.
2.     Sigilo de gabinete
Jamais use suas conversas de gabinete para ilustrar suas mensagens. Respeite a intimidade alheia.
3.     Respeito aos ouvintes
Nunca deixe alguém constrangido durante uma pregação. Não use o púlpito como escudo para corrigir alguém. Procure a pessoa em particular.
4.     Evite polêmicas desnecessárias
Pregue a palavra de Deus. Não perca tempo com polêmicas.



3.7   - Organização

a)        Agenda
Tenha uma agenda e anote sempre os compromissos de pregação. Lembre-se de tomar nota do tema, caso seja algum evento específico.

b)       Controle de pregações
Tenha um caderno ou fichário para relacionar as igrejas em que já pregou e quais foram as mensagens. É constrangedor repetir-se o mesmo sermão para as mesmas pessoas.

c)        Arquivo de esboços
Guarde seus esboços e tenha um lugar específico para isto. Eles podem servir para outras oportunidades que surgirem em lugares diferentes.

d)       Arquivo de ilustrações
Existem bons livros com ilustrações. O problema é que as melhores acabam sendo repetidas por muitos pregadores. A fim de evitar este problema, crie o seu próprio arquivo de ilustrações. Colete-as do seu cotidiano, das histórias que você souber, das notícias do jornal, dos livros que estiver lendo. Quantos ensinamentos há em nosso dia a dia! Basta prestar atenção.

e)       Cartão de apresentação
      Elabore um cartão contendo seu nome, telefone e e-mail. No caso de alguém querer convidá-lo para pregar, isto facilitará o contato, além de transmitir uma boa impressão. Mas tome cuidado para não que você não veja a si mesmo como um “profissional de púlpito”, do tipo que cobra cachê para pregar. Além de deprimente, tal atitude é condenada pela palavra de Deus.


Alan Capriles
alancapriles@gmail.com



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